Cidades inteligentes contribuem com melhor qualidade de vida

As cidades inteligentes buscam solucionar desafios sociais, ambientais e de infraestrutura para facilitar e melhorar a qualidade de vida e o funcionamento da cidade. Muitas cidades ao redor do mundo já propõem iniciativas para a transformação das cidades, entretanto muitas outras estão longe disso. Pesquisa da Capgemini Research Institute mostra que apenas 22% das autoridades municipais começaram a implementar algumas iniciativa. Segundo o estudo, a maioria dos cidadãos que experimenta essas iniciativas se mostraram mais satisfeitos com a qualidade de vida que têm.

O estudo descobriu que 73% dos residentes que usaram iniciativas de cidades inteligentes estão mais felizes com sua qualidade de vida, sobretudo em relação a questões de saúde, como a qualidade do ar. Esse resultado vai ao encontro da crença de 60% dos cidadãos entrevistados, que acreditam que cidades inteligentes são sinônimo de sustentabilidade e melhores serviços.

Porém, a grande maioria não vive essa realidade, o relatório aponta que um em cada três moradores deseja deixar sua cidade devido aos desafios que enfrentam no local. Os pesquisadores também perguntaram aos moradores quais desvantagens de viver na cidade os fariam mudar, variando de saúde e qualidade de vida a questões de sustentabilidade. As pessoas apontaram o alto custo de vida como o maior problema (52%), altos níveis de poluição (42%) e falta de segurança pública (40%), respectivamente.

O relatório “Street Smart: Colocando o cidadão no centro das iniciativas de cidades inteligentes” foi realizado a partir de 10.000 entrevistas com cidadãos em dez países, em abril de 2020. Também foram entrevistados 300 funcionários municipais sobre suas opiniões acerca das iniciativas de cidades inteligentes e os desafios de implementação.

Implementação de iniciativas inteligentes

Iniciativas de cidades inteligentes exigem intenso planejamento e muitas barreiras dificultam os projetos, entre eles, conforme o relatório: falta de experiência em tecnologia, financiamento limitado e visões pouco claras para este trabalho. Apenas 22% das autoridades municipais entrevistadas começaram a implementar alguma iniciativa.

Selecionar o lugar certo para começar é crucial para o sucesso, de acordo com o relatório. “É melhor começar com soluções menores e focadas que forneçam um bom exemplo e visibilidade, em vez de começar com uma grande solução geral para tudo. É mais fácil encontrar parceiros, apoio e financiamento para projetos que começam de algo pequeno e se mostraram úteis”, diz no relatório Matthias Wieckmann, Chefe de Estratégia Digital da cidade de Hamburgo, na Alemanha.

Para dar início às iniciativas de cidades inteligentes, o relatório sugere que as autoridades municipais e os cidadãos trabalhem com startups, institutos acadêmicos e fundos de capital de risco, “com foco na confiança, inovação e dados como os principais motivadores”.

“Essa colaboração deve se esforçar para criar uma visão atraente de cidade inteligente com base na sustentabilidade e resiliência. Deve transformar as autoridades municipais em empresários, ao mesmo tempo que garante que a proteção e a confiança dos dados sejam incorporadas na forma como os dados são coletados e usados. Finalmente, uma cultura de inovação e colaboração com os cidadãos e entidades externas também será fundamental”, conclui o documento.

Iniciativas de sucesso

Segundo o estudo, os cidadãos estão mais dispostos a usar e a pagar por serviços como: conectividade automatizada de edifícios para serviços de emergência; monitoramento remoto de pacientes para idosos; rastreamento de consumo de energia em casa inteligente; sistemas centralizados de automação de energia de prédios para controlar a audição, ventilação e AC; cartão inteligente de acesso baseado em aplicativo para transporte público; monitoramento da qualidade da água em tempo real.

Os principais casos de iniciativas, destacados pela pesquisa, que os cidadãos provavelmente usariam e pagariam pelo serviço envolvem, sobretudo, controle e otimização de recursos com fontes naturais, segurança e mobilidade.

Na região de Cape Fear, na Carolina do Norte, por exemplo, a Duke Electricity instalou medidores inteligentes para permitir que os residentes monitorem o consumo de energia por hora. O programa RE: FIT de Londres reforma edifícios públicos com medidas de economia de energia para reduzir as emissões de dióxido de carbono para os níveis de 1990.

A cidade de Estocolmo está trabalhando com a Ericsson e a Teliato para instalar sensores para monitoramento em tempo real da qualidade da água. Estes também podem ser usados para detecção de derramamento e vazamentos nos dutos, ao mesmo tempo em que monitoram a qualidade da água.

O edifício mais alto da Costa Leste dos Estados Unidos, o Panorama Tower, implementa para as pessoas que vivem e trabalham lá medidas de segurança, como controle de acesso e sistema de segurança contra incêndio integrado centralmente. Em Seul, a plataforma U-Health usa dispositivos em casas de idosos para monitoramento remoto de saúde.

A Berliner Verkehrsbetriebe (BVG), companhia de transporte responsável pelo transporte público de Berlim, desenvolveu o Jelbi, um aplicativo único para acessar todos os meios de transporte públicos, como metrô, ônibus, bondes e balsas. Isso também inclui compartilhamento de bicicletas, caronas e táxis integrando vários aplicativos em um único lugar.